sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Entrevista

SALA DE LEITURA MARIA DE LOURDES


A sala de leitura da nossa Escola tem muito que comemorar.
Com duas mil oitocentos e setenta e uma assinaturas presenciais desde 19 de fevereiro de 2010 e com a meta de terminar o ano atingindo três mil assinaturas, entre empréstimos de livros e aulas no espaço, o projeto da sala de leitura pode ser considerado um sucesso.
Para a Professora Cindy, uma das responsáveis pelo projeto, a sala é um orgulho.

O que faz o sucesso da sala de leitura?
Prof. Cindy: A dedicação. Aqui tudo é pensado, desde o capricho com o visual para tornar o ambiente aconchegante e agradável, às propostas de atividades que serão aplicadas aos alunos. E tem até a atenção que damos para os alunos que vêem procurando apoio para conversar.
 Uma outra coisa que também é fundamental é a nossa postura na hora de atender o aluno. Ser uma pessoa agradável, atenciosa, saber conversar e perceber os gostos do aluno é muito importante.



O carinho e
o cuidado são 
algumas 
das marcas 
da sala de
leitura Maria
de Lourdes
 










Você pode dar um exemplo sobre o aspecto de como é pensado o espaço?
Prof. Cindy: Meu trabalho mais recente é a criação de um painel com imagens que além de deixar a sala mais bonita, também é usado para uma dinâmica, um trabalho de leitura visual dessas imagens no qual o aluno pode se identificar e criar significados.

Qual a importância da sala de leitura para a Escola Professora Maria de Lourdes Guimarães?
Prof. Cindy: É muito importante. Além de ser uma ferramenta que auxilia o aluno no ensino, aprendizagem, leitura e escrita, a sala é cultura e conhecimento. À medida que os alunos passam a freqüentar a sala, eles começam a se identificar com historias e a fazer associações da leitura com o seu cotidiano. Isso é muito rico.

 Quais são as atividades que a sala propõe?
Prof. Cindy: Empréstimo de livros e atendimento às classes.
Este atendimento é um projeto que funciona em parceria com os professores. A classe é dividida em duas turmas: uma fica com o professor e a outra vem para a sala de leitura e trabalhamos com o mesmo livro.
As 5ª e 6ª séries comparecem todos os dias para realizar  atividades a partir das obras do Monteiro Lobato e Machado de Assis.
As demais salas realizam atividades de estudo com temas literários diversificados.

E o acervo literário?
Prof. Cindy: É excelente, temos livros de todos os tipos e assuntos para todos os gostos. Temos revistas atuais e, acabamos de receber uma coleção de livros que são específicos para pesquisas dos professores, e também temos um acervo histórico que contém material sobre a história da nossa escola. Esse espaço, “Memória Viva”, representa a identidade da nossa escola.

                                                                                                                                                                                          OUTUBRO
                                                                                                                                                 2010

Fotos da Sala de Leitura

Sala de Leitura
Sala de Leitura




Sala de Leitura

Painel de Imagen criado pela Prof. Cindy




Acervo Histórico Memória Viva

Professora Cindy

Capricho e organização é a " alma " da Sala de Leitura

quarta-feira, 29 de setembro de 2010




 FIQUE LONGE DISSO

DIGA NÃO AO BULLYING VOCÊ TAMBÉM!

Bullying, fique longe dessa prática.

Bullying

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O bullying escolar na infância é uma prática observada em várias culturas.
Bullying[1] é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Caracterização do bullying

No uso coloquial entre falantes de língua inglesa, bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:[2]
  1. o comportamento é agressivo e negativo;
  2. o comportamento é executado repetidamente;
  3. o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O bullying divide-se em duas categorias:[1]
  1. bullying direto;
  2. bullying indireto, também conhecido como agressão social
O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:
  • espalhar comentários;
  • recusa em se socializar com a vítima
  • intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima
  • criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).
O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.
A legislação jurídica do estado de São Paulo define bullying como atitudes de violência física ou psicológica, que ocorrem sem motivação evidente praticadas contra pessoas com o objetivo de intimidá-las ou agredí-las, causando dor e angústia. [3]
Os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.[4]

Tipos de bullying

Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:
  • Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
  • Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
  • Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os
  • Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
  • Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
  • Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
  • Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
  • Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
  • Isolamento social da vítima.
  • Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos etc).
  • Chantagem.
  • Expressões ameaçadoras.
  • Grafitagem depreciativa.
  • Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com freqüência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
  • Fazer que a vitima passe vergonha na frente de varias pessoas

Locais de bullying

O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.

Escolas

Em escolas, o bullying geralmente ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola.[11]
Um caso extremo de bullying no pátio da escola foi o de um aluno do oitavo ano chamado Curtis Taylor, numa escola secundária em Iowa, Estados Unidos, que foi vítima de bullying contínuo por três anos, o que incluía alcunhas jocosas, ser espancado num vestiário, ter a camisa suja com leite achocolatado e os pertences vandalizados. Tudo isso acabou por o levar ao suicídio em 21 de Março de 1993. Alguns especialistas em "bullies" denominaram essa reação extrema de "bullycídio". Os que sofrem o bullying acabam desenvolvendo problemas psíquicos muitas vezes irreversíveis, que podem até levar a atitudes extremas como a que ocorreu com Jeremy Wade Delle. Jeremy se matou em 8 de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, numa escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente de 30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos atos de perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música (Jeremy) interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense Pearl Jam.
Nos anos 1990, os Estados Unidos viveram uma epidemia de tiroteios em escolas (dos quais o mais notório foi o massacre de Columbine). Muitas das crianças por trás destes tiroteios afirmavam serem vítimas de bullies e que somente haviam recorrido à violência depois que a administração da escola havia falhado repetidamente em intervir. Em muitos destes casos, as vítimas dos atiradores processaram tanto as famílias dos atiradores quanto as escolas. Como resultado destas tendências, escolas em muitos países passaram a desencorajar fortemente a prática do bullying, com programas projetados para promover a cooperação entre os estudantes, bem como o treinamento de alunos como moderadores para intervir na resolução de disputas, configurando uma forma de suporte por parte dos pares.
O bullying nas escolas (ou em outras instituições superiores de ensino) pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações abaixo da média, não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes competentes por professores incompetentes ou não-atuantes, para proteger a reputação de uma instituição de ensino. Isto é feito para que seus programas e códigos internos de conduta nunca sejam questionados, e que os pais (que geralmente pagam as taxas), sejam levados a acreditar que seus filhos são incapazes de lidar com o curso. Tipicamente, estas atitudes servem para criar a política não-escrita de "se você é estúpido, não merece ter respostas; se você não é bom, nós não te queremos aqui". Frequentemente, tais instituições (geralmente em países asiáticos) operam um programa de franquia com instituições estrangeiras (quase sempre ocidentais), com uma cláusula de que os parceiros estrangeiros não opinam quanto a avaliação local ou códigos de conduta do pessoal no local contratante. Isto serve para criar uma classe de tolos educados, pessoas com títulos acadêmicos que não aprenderam a adaptar-se a situações e a criar soluções fazendo as perguntas certas e resolvendo problemas.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estão envolvidos com o problema -seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética, a partir do envio de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut[12].
Em 2009, uma pesquisa pelo IBGE apontou as cidades de Brasília e Belo Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de bullying, com 35,6% e 35,3%, respectivamente, de alunos que declararam esse tipo de violência nos últimos 30 dias[13].
Na Grande São Paulo, uma menina apanhou até desmaiar por colegas que a perseguiam[14] e em Porto Alegre um jovem foi morto com arma de fogo durante um longo processo de bullying[15].

Condenações legais

Dado que a cobertura da mídia tem exposto o quão disseminada é a práctica do bullying, os júris estão agora mais inclinados do que nunca a simpatizar com as vítimas. Em anos recentes, muitas vítimas têm movido ações judiciais diretamente contra os agressores por "imposição intencional de sofrimento emocional", e incluindo suas escolas como acusadas, sob o princípio da responsabilidade conjunta. Vítimas norte-americanas e suas famílias têm outros recursos legais, tais como processar uma escola ou professor por falta de supervisão adequada, violação dos direitos civis, discriminação racial ou de gênero ou assédio moral.
Em maio de 2010 a Justiça obrigou os pais de um aluno do Colégio Santa Doroteia, no bairro Sion de Belo Horizonte a pagar uma indenização de R$ 8 mil a uma garota de 15 anos por conta de bullying [16]. A estudante foi classificada como G.E. (sigla para integrantes de grupo de excluídos) por ser supostamente feia e as insinuações se tornaram frequentes com o passar do tempo, e entre elas, ficaram as alcunhas de tábua, prostituta, sem peito e sem bunda.[17][18] Os pais da menina alegaram que procuraram a escola, mas não conseguiram resolver a questão. [19][20] O juiz relatou que as atitudes do adolescente acusado pareciam não ter "limite" e que ele "prosseguiu em suas atitudes inconvenientes de 'intimidar'", o que deixou a vítima, segundo a psicóloga que depôs no caso, "triste, estressada e emocionalmente debilitada"[21]. O colégio de classe média alta não foi responsabilizado.[21]
Na USP, o jornal estudantil O Parasita ofereceu um convite a uma "festa brega" aos estudantes do curso que, em troca, jogarem fezes em um gay. [22][23] Um dos alunos a quem o jornal faz referência chegou a divulgar, em outra ocasião, estudantes da Farmácia chegaram a atirar uma lata de cerveja cheia em um casal de homossexuais, que também era do curso, durante o tradicional happy hour de quinta-feira na Escola de Comunicações e Artes da USP. Ele disse que não pretende tomar nenhuma providência judicial contra os colegas, embora tenha ficado revoltado com a publicação da cartilha. [23]
Também em junho de 2010, um aluno de nona série do Colégio Neusa Rocha, no Bairro São Luiz, na região da Pampulha de Belo Horizonte foi espancado na saída de seu colégio, com a ajuda de mais seis estudantes armados com soco inglês. [24] A vítima ficou sabendo que o grupo iria atacar outro colega por ele ser "folgado e atrevido", sendo inclusive convidada a participar da agressão.[25]
Em entrevista ao Estado de Minas, disse: Eles me chamaram para brigar com o menino. Não aceitei e fui a contar a ele o que os outros estavam querendo fazer, como forma de alertá-lo. Quando a dupla soube que contei, um deles colocou o dedo na minha cara e me ameaçou dentro de sala, durante aula de ciências. Ele ainda ligou, escondido, pelo celular, para outro colega, que estuda pela manhã, e o chamou para ir à tarde na escola.[26]
Durante 2010, Bárbara Evans, filha da modelo Monique Evans, estudante da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo (onde cursa o primeiro ano de Nutrição), entrou na Justiça com um processo de bullying realisado por seus colegas.[27] No sábado à noite, o muro externo do estacionamento do campus Centro foi pichado com ofensas a ela e a sua mãe. [28]
Em recente julgado no Rio Grande do Sul (Proc. nº 70031750094 da 6ª Câmara Cível do TJRS), a mãe do bullie foi condenada civilmente a pagar indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) à vítima. Foi um legítimo caso de cyberbullying, já que o dano foi causado através da Internet, em fotolog (flog) hospedado pelo Portal Terra. No caso, o Portal não foi responsabilizado, pois retirou as informações do ar em uma semana. Não ficou claro, entretanto, se foi uma semana após ser avisado informalmente ou após ser judicialmente notificado.[29]

Alcunhas ou apelidos (dar nomes)

Normalmente, uma alcunha (apelido) é dada a alguém por um amigo, devido a uma característica única dele. Em alguns casos, a concessão é feita por uma característica que a vítima não quer que seja chamada, tal como uma orelha grande ou forma obscura em alguma parte do corpo. Em casos extremos, professores podem ajudar a popularizá-la, mas isto é geralmente percebido como inofensivo ou o golpe é sutil demais para ser reconhecido. Há uma discussão sobre se é pior que a vítima conheça ou não o nome pelo qual é chamada. Todavia, uma alcunha pode por vezes tornar-se tão embaraçosa que a vítima terá de se mudar (de escola, de residência ou de ambos).

Adolescência e Gravidez

Métodos Contraceptivos

Métodos contraceptivos são utilizados para evitar uma gravidez, e a escolha de um método para evitá-la necessita ser feita com auxílio médico, pois ele pode indicar a melhor opção para cada caso.

A prevenção de uma gravidez não planejada é essencial, principalmente para adultos, jovens sexualmente ativos e adolescentes.

É importante saber quais os métodos existentes antes de optar por algum deles. Os métodos contraceptivos são divididos em comportamentais (tabelinha), de barreira (preservativo, diafragma), dispositivo intra-uterino, métodos hormonais e cirúrgicos.
Por Patrícia Lopes
Equipe Brasil Escola

Sites sobre Gravidez na Adolescência
A Gravidez na Adolescência

A adolescência é uma fase bastante conturbada na maioria das vezes, em razão das descobertas, das ideias opostas às dos pais e irmãos, formação da identidade, fase na qual as conversas envolvem namoro, brincadeiras e tabus. É uma fase do desenvolvimento humano que está entre infância e a fase adulta. Muitas alterações são percebidas na fisiologia do organismo, nos pensamentos e nas atitudes desses jovens.

A gravidez é o período de crescimento e desenvolvimento do embrião na mulher e envolve várias alterações físicas e psicológicas. Desde o crescimento do útero e alterações nas mamas a preocupações sobre o futuro da criança que ainda irá nascer. São pensamentos e alterações importantes para o período.

Adolescência e gravidez, quando ocorrem juntas, podem acarretar sérias consequências para todos os familiares, mas principalmente para os adolescentes envolvidos, pois envolvem crises e conflitos. O que acontece é que esses jovens não estão preparados emocionalmente e nem mesmo financeiramente para assumir tamanha responsabilidade, fazendo com que muitos adolescentes saiam de casa, cometam abortos, deixem os estudos ou abandonem as crianças sem saber o que fazer ou fugindo da própria realidade.

O início da atividade sexual está relacionado ao contexto familiar, adolescentes que iniciam a vida sexual precocemente e engravidam, na maioria das vezes, tem o mesmo histórico dos pais. A queda dos comportamentos conservadores, a liberdade idealizada, o hábito de “ficar” em encontros eventuais, a não utilização de métodos contraceptivos, embora haja distribuição gratuita pelos órgãos de saúde públicos, seja por desconhecimento ou por tentativa de esconder dos pais a vida sexual ativa, fazem com que a cada dia a atividade sexual infantil e juvenil cresça e consequentemente haja um aumento do número de gravidez na adolescência.

A gravidez precoce pode estar relacionada com diferentes fatores, desde estrutura familiar, formação psicológica e baixa autoestima. Por isso, o apoio da família é tão importante, pois a família é a base que poderá proporcionar compreensão, diálogo, segurança, afeto e auxílio para que tanto os adolescentes envolvidos quanto a criança que foi gerada se desenvolvam saudavelmente. Com o apoio da família, aborto e dificuldades de amamentação têm seus riscos diminuídos. Alterações na gestação envolvem diferentes alterações no organismo da jovem grávida e sintomas como depressão e humor podem piorar ou melhorar.

Para muitos destes jovens, não há perspectiva no futuro, não há planos de vida. Somado a isso, a falta de orientação sexual e de informações pertinentes, a mídia que passa aos jovens a intenção de sensualidade, libido, beleza e liberdade sexual, além da comum fase de fazer tudo por impulso, sem pensar nas consequências, aumenta ainda mais a incidência de gestação juvenil.

É muito importante que a adolescente faça o pré-natal para que possa compreender melhor o que está acontecendo com seu corpo, seu bebê, prevenir doenças e poder conversar abertamente com um profissional, sanando as dúvidas que atordoam e angustiam essas jovens.
Por Giorgia Lay-Ang
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escola

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Muitas Informações para todos nós sobre adolescência e sexualidade

Nosso blog resolveu fazer uma maratona sobre os temas adolescência e sexualidade. Tem assunto "pra mais de metro". Aproveitem para se informar. Ah, compartilhem essas informações com pais, amigos, professores, pois a fonte é segura.

Fonte: Revista Nova Escola

O despertar da sexualidade

Desde o nascimento, a criança explora o prazer, os contatos afetivos e as relações de gênero. Saiba como responder às dúvidas infantis sobre o tema

"A gente tá de mãos dadas, passeando com o cachorro. Eu e o Luís." Ana Beatriz, 4 anos
 Apreciar a textura de um sorvete, relaxar numa massagem, desfrutar o beijo da pessoa amada: tudo o que se relaciona ao prazer com o corpo está ligado à sexualidade. Embora pelo senso comum ela se confunda com o erotismo, a genitalidade e as relações sexuais, o fato é que esse campo do desenvolvimento humano pode ser entendido num sentido mais amplo e deve incluir a conscientização sobre o próprio corpo e a forma de se relacionar amorosamente.
Ainda que esse processo se estenda pelo resto da vida, ele se inicia na infância, desde o nascimento. "As crianças sentem prazer em explorar o corpo, em serem tocadas, acariciadas. Elas experimentam a si próprias e ao entorno, vivenciam limites e possibilidades", diz Cláudia Ribeiro, professora da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais.

De modo geral, é possível falar em três "frentes de descobrimento", que ocorrem paralelamente: a da dinâmica das relações afetivas, a do prazer com o corpo e a da identificação com o gênero. Tudo se inicia com a primeira percepção de prazer: o ato de mamar, uma ação que dá alívio ao desconforto da fome e que intensifica o vínculo afetivo, baseado na sensação de cuidado e acolhimento. "A ligação entre mãe e bebê é um embrião relacional que, mais adiante, será desafiado com a percepção de que a figura materna desvia sua atenção para outras pessoas, como o pai ou um irmão", explica Ada Morgenstern, psicanalista e professora do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Ao constatar que não é o centro das atenções, a criança sente certo abalo em seu "reinado", mas também percebe que a sensação boa de se relacionar pode ser estendida para além da figura da mãe. Inicialmente, ela se volta para outros membros do contexto familiar e, em seguida, depois do primeiro ano de vida, para fora dele. "Essas relações dão uma referência à criança sobre sua própria identidade. Interagindo com amigos, ela percebe a si mesma", diz Maria Helena Vilela, educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan, em São Paulo.
Para compreender as relações entre casais, os pequenos criam representações com faz de conta e imitação. O prazer do vínculo afetivo e das interações sociais se dá em paralelo com a percepção das relações amorosas entre casais. Para compreender essa realidade do mundo, a criança se utiliza de recursos próprios da fase que vive: o faz de conta e a imitação. Falas como a de Ana Beatriz (primeira imagem), que representa no desenho um passeio de mãos dadas com um colega - ou seja, uma situação típica de namoro -, demonstram o interesse sobre os relacionamentos.
Experiências e perguntas nas investigações sobre o prazer
A descoberta de que o corpo é uma importante fonte de prazer costuma vir acompanhada de perguntas sobre a sexualidade. É comum, por exemplo, uma criança pequena perguntar a uma visita se ela tem "pinto" ou "perereca" - causando certo constrangimento aos adultos. A questão explicita que ela começa a identificar as diferenças entre o corpo do homem e o da mulher e toma consciência das características do próprio físico. Nesse contexto, além da investigação visual, experimenta as sensações causadas pelo toque em diferentes partes do corpo (e no de outras crianças), sejam elas do mesmo sexo ou do sexo oposto. "Também fazem parte dessa vivência beijos e abraços entremeados por risos e cócegas", completa Cláudia.

"O neném primeiro fica na barriga. Depois, sai pela perereca." 
Maria Luísa, 5 anos
Um dos pioneiros a estudar a exploração do prazer corporal foi o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise, que chocou a sociedade de sua época ao falar da sexualidade infantil - rompendo com a imagem da criança inocente, assexuada. Ele mapeou o desenvolvimento nesse campo em diferentes fases, cada uma valorizando o prazer em uma região do corpo. A primeira delas é a fase oral, que se estende até os 2 anos e em que os pequenos concentram na boca a maior parte das sensações de prazer - mamar no seio ou na mamadeira, chupar chupeta etc. Em seguida, passa-se à fase anal (em torno dos 3 e 4 anos), quando a criança ganha controle sobre os esfíncteres e passa pelo processo de largar as fraldas. Nesse momento, sente-se bem em eliminar ou reter urina e fezes, fazendo do ânus uma região de prazer.
Depois os pequenos descobrem o prazer genital e investem nessa exploração do próprio órgão sexual. Esse período ocorre entre os 3 e os 5 anos e, depois dele, instaura-se um período de latência, em que as questões da sexualidade ficam secundárias nas inquietações infantis (até a puberdade). Embora não tenha sido superada, essa divisão em etapas é hoje relativizada pelos especialistas. "A separação por fases tem a intenção de facilitar a compreensão sobre o amadurecimento da sexualidade e não pode ser entendida como algo estanque, que ocorre linearmente", explica Ada.

As dúvidas sobre a concepção são frequentes e devem ser respondidas com precisão.
É também durante a Educação Infantil que os pequenos começam a se colocar questões sobre a origem dos bebês. Os caminhos para resolver esse "mistério" costumam ser perguntar a um adulto ou elaborar teorias próprias com as informações que coletam das mais variadas fontes - conversas, filmes e livros, por exemplo. A fala de Luís Antônio, que parece se contentar com a ideia de que os bebês vêm do hospital, é um exemplo disso (veja o diálogo abaixo).
"A minha mãe tá perguntando para o meu pai se ela pode me dar um irmãozinho. Se ele deixar, vai nascer." Luís Antônio, 4 anos
"E de onde ele vai vir?" repórter
"Do (hospital) Samaritano." Luís Antônio

"Nessa hora, o importante é responder exatamente o que a criança está perguntando, sem antecipar dúvidas", diz Marcos Ribeiro, sexólogo e coordenador geral da ONG Centro de Educação Sexual, no Rio de Janeiro. Se uma criança indaga como os bebês nascem, dizer que eles saem do hospital, embora não seja errado, não resolve a dúvida, pois poderia indicar que eles são comprados ou pegos no local. Uma possibilidade é dizer que eles vêm da barriga da mãe, sem dizer como ele entra ou sai dela (a menos que o pequeno pergunte). "Assim, é possível garantir que eles tenham acesso à informação à medida que as questões façam sentido para eles ou os inquietem", diz Ribeiro.
No espaço escolar, fale sobre o que é público e o que é privado

"Aqui é um homem porque ele é forte. Olha o muque dele." 
Felipe, 4 anos
Além de explicações sobre anatomia e concepção, os pequenos vão aos poucos construindo ideias sobre cada gênero. Por volta dos 2 anos, a criança percebe se é do sexo feminino ou masculino e, no contato com os adultos ao seu redor e pela mídia, aprende o que é ser menino ou menina em sua sociedade - e, claro, tem contato com os rótulos associados a eles. Os pequenos logo percebem que se espera que o homem seja forte (veja o desenho e a fala de Felipe ao lado) e que a mulher seja frágil e delicada (veja a fala de Sofia abaixo).
"O meu pai às vezes me chama de Sofião...Eu não gosto dele quando faz isso comigo." Sofia, 5 anos
"É preciso ter atenção à rigidez dessa diferenciação e à criação de estereótipos que não contemplem a diversidade entre as pessoas", alerta Ribeiro. Nesse aspecto, a escola tem um papel importante. A maneira como a instituição lida com as diferenças físicas e a igualdade de oportunidades são maneiras de ensinar o respeito à diversidade e de não reafirmar clichês questionáveis - como o fato de a menina ser passiva, e o menino, destemido ou mesmo autoritário.
Da mesma forma, a equipe docente tem responsabilidade em explicitar as regras da cultura em que os pequenos estão inseridos. É preciso ter atenção, sobretudo, à distinção do que cabe no espaço público e no privado. A masturbação, por exemplo, requer um espaço privado para ser realizada, assim como urinar e defecar. "O professor deve intervir ao ver um menino manipulando a genitália em local público, mas o foco não deve ser a ação em si. A questão é o local apropriado", diz Maria Helena. "O adulto não deve repreender a criança apenas porque ele mesmo está incomodado. Se ela estiver se tocando em local privado, como a cabine de um banheiro, não é adequado pedir para parar."

Construída no início da vida, a identificação com o gênero se vincula à cultura em que cada criança se insere.
O desafio para o professor é enorme: ao mesmo tempo em que deve preservar a intimidade das crianças e não culpabilizá-las por manifestações de sexualidade, ele é responsável por um processo educativo que aborde valores, diferenças individuais e grupais, de costumes e de crenças. Isso é fundamental tan-to na infância como na adolescência, quando a questão ressurge a todo vapor. O mesmo te-ma voltará a ser abordado na série Desenvolvimento Infantil e Juvenil - que, a partir do mês que vem, direciona o olhar para o comportamento dos jovens.

Os diálogos publicados nesta reportagem são de crianças de 3 a 5 anos da Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)

O perigoso flerte com as drogas na adolescência

Na fase em que a curiosidade aproxima o jovem das drogas, o diálogo franco é o melhor caminho para que ele entenda por que dizer "não"

Bianca Bibiano
VICENTE* Só pra contrariar
Na minha escola, é proibido fumar, mas todo mundo fuma escondido perto do portão. O pessoal acha legal só porque é proibido. Ficam lá pra pagar de rebelde, pra serem os kras que fazem coisa errada.

DESEJO DE INFRINGIR Típica da juventude, a necessidade de burlar o proibido pode levar ao consumo de drogas
 "De repente, nosso grupo de amigos se junta e alguém diz 'vamos beber tequila!'. Aí, vai toda a galera. Cada um toma pelo menos um shot (dose). É normal, todo mundo bebe quando sai." A naturalidade com que Sophia*, 15 anos, se refere ao consumo de álcool não é uma exceção entre os jovens brasileiros. Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) com estudantes de escolas públicas com idade entre 10 e 18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica. Outros 5,9% fumaram maconha e 15,5% usaram solventes, de acetona a lança-perfume. Os números não deixam dúvida: as drogas fazem parte do universo jovem. A relação com elas é constante e, por vezes, ocorre dentro dos muros da escola. Não adianta fingir que o assunto não existe - ou, o que é comum, se livrar dele pela via da expulsão. O tema exige ação.

Mas o que fazer? Pesquisas recentes têm demonstrado que apostar na repressão pura e simples não costuma dar bons resultados. Em vez disso, é melhor compreender a relação dos jovens com as drogas. Entender por que o contato com essas substâncias se intensifica na adolescência é a primeira providência.

De início, é preciso explicar que a atração pelos entorpecentes tem um forte componente biológico. A principal razão é que o chamado sistema inibitório, a área do cérebro responsável pela ponderação das atitudes, ainda está se desenvolvendo durante a adolescência. A dificuldade de dizer "não", por sua vez, abre caminho para o estímulo do sistema dopaminérgico, relacionado à busca de recompensa. As substâncias psicotrópicas agem justamente sobre essa estrutura, influenciando a produção de hormônios responsáveis pela sensação de prazer.

A equação, entretanto, não está completa. Além dos fatores fisiológicos, o ambiente em que os jovens se situam pode aproximá-los das drogas. Mas é um erro acreditar que os de famílias pobres ou "desestruturadas" são os mais propensos ao consumo. Pesquisas apontam que os maiores índices de contato com entorpecentes se dão com adolescentes das camadas médias da população.

O certo é que características típicas da faixa etária (e que independem de classe, gênero e etnia) podem, sim, levar ao consumo. A curiosidade é uma delas. O desejo de transgredir é outra, como mostra a fala de Vicente*, 16 anos (leia o destaque acima). "A proibição é tomada pelos adolescentes como uma posição autoritária, decidida por adultos que não entendem suas condições de vida. Daí vem o embate com as regras", diz Eduardo Ely Mendes Ribeiro, antropólogo e psicanalista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

Também é necessário ter um olhar atento para distinguir as diferentes relações que a garotada estabelece com as drogas. Muitas vezes, pais e professores tendem a classificar toda relação com entorpecentes como um vício, o que está longe de ser um retrato fiel. Há pelo menos três comportamentos: o uso esporádico (experimentação que acontece uma ou poucas vezes), o abuso (também ocasional, mas excessivo, como a atitude de beber "até cair") e o vício (esse, sim, marcado pelo uso constante. É o menos comum entre os adolescentes).

"Como são múltiplas as razões que levam ao vício - genética, ambiente e o próprio poder da substância -, não há como saber se alguém que experimenta uma droga nunca mais o fará, se fará isso de vez em quando ou sempre", explica Fernanda Gonçalves Moreira, especialista no tema e doutora em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Levar os alunos a refletir sobre essa perigosa incerteza, apontando que as consequências são para o resto da vida, é uma das maneiras de incentivar escolhas mais conscientes.

A reflexão, aliás, infelizmente não tem sido a palavra de ordem quando se fala de drogas na escola. Ao investigar o assunto em sua tese de doutorado, Fernanda descobriu que as principais intervenções são campanhas baseadas apenas na criminalização, com pouca ou nenhuma abertura ao debate franco. "Sondagens realizadas em diversos países indicam que medidas como palestras realizadas por agentes de segurança, por exemplo, têm
eficácia muito reduzida na inibição ao consumo", observa.

A busca da identidade na adolescência

É na puberdade que o jovem reconstrói seu universo interno e cria relações com o mundo externo. Entenda os processos que marcam a fase

Ana Rita Martins
ALINE Essa sou eu?
Quando o corpo cresce, assusta. Evolui rápido... Acho que eu não tava preparada, me sinto estranha. Queria conversar, mas não falo com meus pais sobre isso.
Ilustrações: Daniella Domingues
A transformação tem início por volta dos 11 anos. Meninos e meninas passam a contestar o que os adultos dizem. Ora falam demais, ora ficam calados. Surgem os namoricos, as implicâncias e a vontade de conhecer intensamente o mundo. Os comportamentos variam tanto que professores e pais se sentem perdidos: afinal de contas, por que os adolescentes são tão instáveis?

A inconstância, nesse caso, é sinônimo de ajuste. É a maneira que os jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de não serem mais crianças - nem adultos. Diante de um corpo em mutação, precisam construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Por trás de manifestações tão distintas quanto rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar um turbilhão de sensações e sentimentos. A adolescência é como um renascimento, marcado, dessa vez, pela revisão de tudo o que foi vivido na infância.

Para a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto (1908-1988), autora de clássicos sobre a psicologia de crianças e adolescentes, os seres humanos têm dois tipos de imagem em relação ao próprio corpo: a real, que se refere às características físicas, e a simbólica, que seria um somatório de desejos, emoções, imaginário e sentido íntimo que damos às experiências corporais. Na adolescência, essas duas percepções são abaladas. A puberdade (conjunto das transformações ligadas à maturação sexual) faz com que a imagem real se modifique - a descarga de hormônios desenvolve características sexuais primárias (aumento dos testículos e ovários) e secundárias (amadurecimento dos seios, modificações na cintura e na pélvis, crescimentos dos pelos, mudanças na voz etc.). Falas como a de Aline*, 14 anos (leia o destaque na imagem acima), indicam a perda de segurança em relação ao próprio corpo. É comum que aflorem sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo em que deseja se parecer com um homem ou uma mulher, o adolescente tende a rejeitar as mudanças por medo do desconhecido.

Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos e a potência sexual recém-descoberta. É como se o psiquismo do jovem tivesse dificuldade para acompanhar tantas novidades. Por causa disso, podem surgir dificuldades de higiene, como a de jovens que não tomam banho porque gostam de sentir o cheiro do próprio suor (que se transformou com a ação da testosterona) e a de outros que veem numa parte do corpo a raiz de todos os seus problemas (seios que não crescem, pés muito grandes, nariz torto etc.). São encanações típicas da idade e que precisam ser acolhidas. "O jovem deve ficar à vontade para tirar dúvidas e conversar sobre o que ocorre com seu corpo sem que sinta medo de ser diminuído ou ridicularizado. Além disso, ele necessita de privacidade e, se não quiser falar, deve ser respeitado", afirma Lidia Aratangy, psicóloga e autora de livros sobre o tema. Apenas quando perduram as sensações de estranhamento com as mudanças fisiológicas um encaminhamento médico é necessário.

A importância do grupo para os jovens

Fundamental para o exercício de papéis sociais, o grupo ganha espaço na adolescência. Possibilidades e riscos são as marcas desse momento

Ana Rita Martins
MARCOS Questão de estilo
A gte é skatista e compra os tênis e bonés tudo no mesmo lugar. É mó legal, eu reconheço os parceiros de longe qdo tô chegando na pista. Acho que é uma questão de estilo, a roupa tem td a ver com a vida da gte.


LINHA DE MONTAGEM Para se sentir aceito, é comum o jovem se vestir e agir de acordo com o estatuto do grupo
Ilustrações: Daniella Domingues
Mais sobre Adolescência
No livro O Mundo como Vontade e Representação, o filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860) propõe uma metáfora interessante sobre as relações humanas. Ele conta que um grupo de porcos-espinhos perambulava num dia frio de inverno. Para não congelar, chegavam mais perto uns dos outros. Mas, no momento em que ficavam suficientemente próximos para se aquecer, começavam a se espetar com seus espinhos. Então se dispersavam, perdiam o benefício do convívio próximo e recomeçavam a tremer. Isso os levava a buscar novamente companhia e o ciclo se repetia na luta para encontrar uma distância confortável entre o emaranhamento e o congelamento. Adolescentes não são porcos-espinhos, mas experimentam, na puberdade, uma condição que os aproxima dos mamíferos descritos por Schopenhauer: a convivência em um grupo. Afinal, ao fazer parte de uma reunião de pessoas que têm algo em comum, o jovem consegue "calor" na forma de aceitação e acolhimento. Ao mesmo tempo, precisa se defender dos "espinhos", posicionamentos que se chocam contra a sua individualidade e podem degenerar em preconceito e agressividade.

Não é exagero dizer que a entrada em um grupo é um acontecimento inevitável na passagem da infância para o mundo adulto. Faz parte do processo de elaboração da identidade. Quando chega a puberdade, o adolescente não se contenta mais apenas com a rede protetora da família e busca fora de casa outras referências para se formar como sujeito. É por isso que, nessa hora, os amigos crescem em importância. Por meio deles, o jovem exercita papéis sociais, se identifica com comportamentos e valores e busca segurança para lutar contra a angústia da solidão típica da fase.

Na escola, corredores e salas de aula costumam ficar apinhados de adolescentes que se vestem, se penteiam e falam de forma parecida. Em seu trabalho Psicologia de Grupo e Análise do Ego, o fundador da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), diz que a pessoa só pertence a um grupo quando entra num processo de identificação com os outros, ou seja, quando constrói laços emocionais com base em objetos reais ou simbólicos compartilhados. Isso quer dizer que toda coletividade tem um código em comum que abarca desde ideias sobre o mundo até regras de comportamento que passam por hábitos e vestuário.

Para se afirmar entre seus pares e se sentir aceito e seguro, o jovem incorpora esses traços, como indica a fala de Marcos*, 14 anos (leia o destaque acima). Alçados à condição de símbolos de identificação coletiva, tipos de bermuda ou boné, logotipos de movimentos culturais ou políticos, discos de bandas de rock, piercings ou cortes de cabelo se transformam em representação de ideais comuns, marcas de pertencimento.

A disseminação dos grupos jovens como uma forma de acolhimento ao fim da infância é um fenômeno relativamente novo. Até meados do século passado, a entrada no mundo adulto costumava ser marcada por ritos de passagem (a exemplo do que ocorre ainda hoje em sociedades tradicionais, como as indígenas). No Brasil dos anos 1950, por exemplo, a entrada na puberdade era assinalada pela substituição da calça curta pela comprida (no caso dos meninos) e dos sapatos de salto baixo pelos de salto alto (para as meninas). "Os ritos ajudavam os jovens a se sentir valorizados, a processar essa mudança de fase e a atribuir significados positivos a ela", argumenta Lidia Aratangy, psicóloga e autora de livros sobre a adolescência.

Alguns rituais ainda persistem, como o trote aos que passam no vestibular (a diferença, nesse caso e em vários outros, é que o jovem passa a ser aceito por outros jovens e não mais pelo conjunto da sociedade). Você pode aprender muito sobre o universo adolescente olhando a constituição das rodinhas em sala. Não se trata, óbvio, de tentar falar a linguagem dos jovens, vestir-se como eles ou fazer-se de amigo. O objetivo é observar em torno de quais ideias e valores eles se reúnem, incentivar suas boas práticas e, eventualmente, aproveitar alguns temas próximos de sua realidade para a discussão (desde que, é claro, estejam a serviço da aprendizagem).


O pensamento abstrato na adolescência

A conquista do pensamento abstrato muda a maneira de ver o mundo. Rebeldia e desejo de transformar e projetar o futuro são as novidades

Anderson Moço
FERNANDO Por que não pode?
Minha mãe me proíbe de sair para os lugares e de ter piercing. Tb diz que na escola não pode beijar. Pq não pode??? Fico bravo com isso, brigo, falo um monte! Q coisa loka!

É PROIBIDO PROIBIR Rejeitar argumentos dos pais indica que o jovem começa a pensar com autonomia
Ilustrações: Daniella Domingues
Adolescentes são rebeldes. Se alguém diz algo de que não gostam ou impõe proibições com as quais não concordam, eles rebatem, contestam e até gritam para defender suas opiniões. Também gostam de inovar. Querem mudar o mundo, mesmo não sabendo direito como fazer isso. E quando o assunto é sonho, então... Pensam no futuro e se imaginam fazendo milhões de coisas diferentes, da engenharia aeronáutica ao estrelato do rock. Não é difícil encontrar essas atitudes na maioria dos jovens - aliás, será que você não encaixou nas descrições acima alguns de seus alunos?
A explicação para esse jeito de agir é uma importante mudança cognitiva da moçada: a conquista do pensamento abstrato. Em linhas gerais, é a capacidade de pensar sobre coisas que ainda não conhecem ou que não são concretas (como o amor, o futuro e as regras morais) e de estabelecer hipóteses sobre fatos imaginários, o que lhes permite avaliar e escolher alternativas. "O novo pensar torna possível desafiar o mundo, redefinir conceitos fundamentais para a formação da identidade e ampliar o aprendizado de conteúdos escolares", explica Luciene Tognetta, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi a partir da segunda metade do século 20 que se iniciaram as pesquisas sobre como a criança e o adolescente pensam. Até hoje, o suíço Jean Piaget (1896-1980) é uma das maiores referências no tema. Dos quatro estágios de desenvolvimento cognitivo propostos por ele, o chamado operatório abstrato (que ele também denomina de hipotético-dedutivo) é o último. Inicia-se por volta dos 12 anos e se caracteriza pela habilidade de pensar nas relações entre acontecimentos ou entre coisas sem precisar experimentá-las de fato.
Um pequeno problema lógico ajuda a entender melhor essa mudança na forma de pensar: galinhas brancas produzem ovos brancos, e galinhas vermelhas, ovos vermelhos: Qual a cor dos ovos das galinhas azuis? A criança certamente dirá que não existem ovos e galinhas azuis ou irá fantasiar uma história. Já o jovem seguirá o raciocínio lógico da fala e responderá: "Azuis". "As crianças também são capazes de formular hipóteses e efetivamente fazem isso, mas ainda precisam de um referencial concreto para pensar. Os jovens, não: eles podem criar hipóteses sobre aquilo que não conhecem ou não existe concretamente", explica Luciano de Lemos Meira, docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Novo raciocínio influencia o juízo moral e a obediência a regras

BRUNA A luta continua
Qdo eu posso fazer alguma coisa para salvar o mundo eu faço... Participo de várias campanhas. Na de lixo, nós saímos em grupo para falar da importância de não jogar na rua. Na de água e energia, colamos cartazes com alertas sobre gastar o mínimo possível.

ENGAJAMENTO SOCIAL Ao refletir sobre a vida, os jovens se revoltam com os problemas e lutam para resolvê-los
Para Piaget, essa conquista não está relacionada simplesmente à maturação biológica e à idade cronológica, mas também aos estímulos que o indivíduo recebe. E é aí que entra o papel da escola. "Situações-problema, desafios e oportunidades diárias para as crianças e os jovens pensarem são fundamentais. Algumas pessoas passam a vida toda sem conseguir sair do estágio concreto, anterior ao abstrato. Para elas, é muito difícil entender conteúdos científicos e até mesmo nuances dos relacionamentos sociais e emocionais", ressalta Luciene.

Por meio do pensamento abstrato, muda a forma de encarar normas sociais e regras de conduta. "A diferença básica é que, diferentemente dos tempos de criança, a regra não é mais seguida às cegas - sua validade começa a ser discutida. As implicacões passam a depender de um contexto", explica Antonio Carlos Amador Pereira, professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A fala de Fernando*, 14 anos (leia no destaque da primeira página), dá contornos mais nítidos a essa noção. E outra situação-problema ajuda a ilustrar a diferença entre o pensamento infantil e o juvenil. Pergunte a um jovem e a uma criança o que seria justo fazer com criminosos que foram capturados. "Colocá-los na cadeia" seria a provável resposta de um pequeno. Trata-se de um pensamento tipicamente concreto, sem grande ref lexão sobre as circunstâncias do ocorrido. Por outro lado, um adolescente que já domine o pensamento abstrato poderia dizer: "Primeiro, é preciso tentar saber os motivos que levaram ao roubo. A punição pode ser diferente se os ladrões estavam uma semana sem comer ou se apenas tinham preguiça de encontrar trabalho".

Justamente por começarem a se ver capazes de analisar as coisas de maneira ampla, os adolescentes têm um senso de justiça muito forte. Num cenário em que surgem em cena a contestação e até as brigas em nome dessa convicção, o professor deve entender que não se trata de mera provocação. O jovem está saindo de uma moral tipicamente heterônoma, na qual segue as regras por medo da repreensão, e começa a operar uma moral autônoma, na qual a regra é seguida por se respeitar um valor próprio, uma moral introjetada e que gera prazer e recompensa em seguir. "O jovem já consegue situar a lei fora da autoridade. Por essa razão, ele precisa de muito mais justificativas para acatar qualquer norma. Nessa fase, não costuma aceitar nada imposto", explica Luciene.

A mudança de comportamento também traz grandes implicações para a formação da identidade. É verdade que a forma como cada um se vê e enxerga o mundo é um processo que dura desde o momento em que nascemos até a morte. Na adolescência, entretanto, ele é ainda mais agudo e latente, pois a entrada no mundo adulto está ligada à necessidade de definir valores pessoais, morais, políticos e religiosos. Ao buscar novas referências, o adolescente concebe um universo que, em geral, não bate com a realidade que o rodeia. "Perceber que a vida não é perfeita os choca", afirma Meira. Daí nasce o desejo de transformar a realidade, que se manifesta no engajamento em campanhas sociais e políticas, como sugere a fala de Bruna, 14 anos.


Com a experiência da abstração, mudam os modos de aprender

CAIO Vai, Corinthians!
Quero fazer faculdade de engenharia e ser executivo. Meu tio fez isso e se deu mó bem. Quero seguir os passos dele. Qdo eu for velho, vou ficar em casa sem fazer nada. Vou ser um velhinho corinthiano gordo.

ESTE SOU EU AMANHÃ O pensamento abstrato permite imaginar situações no futuro e fazer escolhas

A forma como se aprende também sofre alterações importantes: já se torna possível a compreensão de conteúdos, procedimentos que exigem ligação entre diferentes conhecimentos. Isso é fundamental, por exemplo, para aprender História: como entender, sem simplificar, o que significa democracia? Isso só é possível com a compreensão de tudo que rodeia esse conceito: voto direto, liberdade de imprensa, multipartidarismo, equidade etc. - todas noções abstratas, fundamentais para entender o conceito em questão. "Com o tempo, as abstrações vão se tornando mais independentes de uma imagem visual. O resultado é uma compreensão mais ampla da natureza e das relações humanas", conta Luciene.
A Matemática também nos fornece exemplos interessantes. Enquanto um aluno das séries iniciais precisa de referenciais concretos (frutas, figuras, brinquedos etc.) e dados numéricos para resolver problemas, um jovem já consegue lidar com desafios mais sofisticados, como as equações e suas incógnitas. Para uma criança pequena, é praticamente inconcebível que X seja um número desconhecido qualquer - afinal, é uma letra e não um número. "Para trabalhar com dois sistemas com significados diferentes (é letra e é número), é preciso um alto grau de abstração", ressalta Pereira. Não à toa, o ensino de álgebra só ganha força por volta do 6º ano, quando os alunos têm em média 12 anos de idade.

Não se pode deixar de ressaltar a inf luência que o pensamento abstrato exerce na noção de futuro que os jovens constroem. Falas como a de Caio, 14 anos (leia o destaque acima), indicam a capacidade de vivenciar as possibilidades por meio da imaginação - não mais apenas como sonho distante, como na época de criança, mas levando em conta as reais condições de vida.

De certa forma, a juventude é o momento em que quase tudo parece possível. Na vida adulta, quando a maioria das coisas já é realidade e não projeto, o ímpeto de transformação parece se acomodar. Mas, toda vez que o pensamento abstrato é convocado, readquirimos, mesmo por um breve momento, uma capacidade que nunca deveríamos ter perdido: a possibilidade de mudar nossa vida e nosso mundo.

* Os destaques desta reportagem trazem depoimentos por um programa de troca de mensagens instantâneas pela internet de alunos do 9º ano da EMEF Victor Civita, em São Paulo. Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados.



Adolescentes com os hormônios à flor da pele

Mudanças físicas e psíquicas perpassam a construção da sexualidade na adolescência. Compreensão e diálogo são fundamentais durante esse processo

Ana Rita Martins
No ano passado, adolescentes começaram a circular pelas escolas brasileiras com pulseiras coloridas. Parecia apenas mais uma moda, até que os adultos perceberam que tudo se tratava de um jogo com conotação sexual - para cada cor, havia uma atitude correspondente. Assim, se um menino arrebentasse a pulseira amarela no braço de uma menina, ela era obrigada a  dar um abraço nele. Se fosse roxa, a "prenda" era um beijo de língua (a lilás era "só" um selinho). A escala de carícias chegava a "sexo" (preta), "tudo o que quiser" (transparente) e "todas as opções anteriores" (dourada).

A possibilidade de que a brincadeira estivesse sendo levada às últimas consequências deixou pais e educadores alarmados - talvez pelo fato de ver a garotada falando abertamente sobre... aquilo. E o que poderia ser uma oportunidade para uma conversa franca sobre um tema tão importante (porém ainda tabu para muita gente) acabou, em vários casos, com a proibição pura e simples do uso dos acessórios nas escolas. A atitude foi condenada por especialistas, que reforçam a necessidade de compreender que, quando os jovens entram na puberdade, iniciam um processo intenso e conflituoso para construir a própria sexualidade. Ajudá-los a entender esse caminho é a melhor maneira de lhes dar ferramentas para ter uma vida sexual plena e responsável.
Sensações desconhecidas desestabilizam o jovem

ANDRÉ* Sem controle
Às vezes, eu não tenho controle mesmo e a barraca arma. Acontece à noite e tb de manhã. Ando acordando + cedo pra ver se passa pq minha mãe já viu duas vezes, mó bad. Queria q armasse só qdo eu quisesse.

SURPRESA NOTURNA Sonhos eróticos, ereções e desejos geram prazer, mas também ansiedade
Ilustrações: Daniella Domingues
No trabalho Três Ensaios sobre uma Teoria da Sexualidade, o fundador da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), mostrou a importância do tema para a formação do psiquismo humano. Ele escreveu que é por meio do prazer que sente nas várias partes do corpo que a criança organiza a própria existência. Na adolescência, com a explosão hormonal, o prazer deixa de existir apenas em relação a si mesmo e passa a se dirigir ao outro e a depender de seu olhar. "É uma transição delicada, já que o jovem experimenta a sensação de luto por perder o corpo de criança, sobre o qual tinha controle e com o qual sabia se comportar. Quando isso ocorre, ele precisa aprender a lidar com o desejo e uma nova sexualidade que desponta, o que acaba provocando um turbilhão de sensações desconhecidas", explica Roberto Graña, psicanalista e autor de livros sobre o tema.

A médica e psicanalista francesa Françoise Dolto (1908-1988) comparou a adolescência à transição que um caranguejo faz quando perde a casca para poder crescer e formar uma nova, maior. É uma metáfora que remete à vulnerabilidade a que o jovem fica exposto até finalmente "formar" seu corpo de adulto. Além disso, é importante compreender que essa fragilidade se manifesta do ponto de vista psíquico por um motivo bastante simples: enquanto as mudanças corporais avançam, as representações mentais sobre elas ainda estão em formação. Para aplacar a angústia que isso pode causar, é importante o professor, independentemente da disciplina, estar aberto ao diálogo para poder explicar as transformações provocadas pela puberdade. Esse é o melhor caminho para ajudar os adolescentes a encarar com mais naturalidade todas essas situações que fogem ao seu controle - do surgimento de pelos faciais ao crescimento de genitais e seios, passando por ereções involuntárias e outras manifestações da sexualidade nascente.
Outro comportamento comum nessa fase é dissociar o próprio desejo da reflexão sobre ele. Como ainda não têm experiência para moderar as vontades que sentem, muitas vezes os jovens agem sem pensar ou só refletem sobre o que fizeram depois do ocorrido. "Há ainda o agravante de que, nessa fase, existe o resgate da fantasia da onipotência, ou seja, achar que nada vai acontecer a si. Esses fatores somados contribuem, por exemplo, para o aumento dos casos de gravidez e o contágio por doenças sexualmente transmissíveis", diz David Léo Levisky, psiquiatra da infância e adolescência. Por isso, na hora de debater, vale ressaltar que nossas ações têm consequências - o caso das relações sexuais é emblemático para reforçar a ideia de que o prazer implica ser responsável com o próprio corpo e com o do(a) parceiro(a).
Num tempo de descobertas, espaço para a experimentação
LUCIANA* Quero beijar muito
Já fiquei com menino e com menina. Eu gosto, é bom pra curtir a vida. Ñ me apego a ning pq beijar na boca de uma pessoa só é mto chato. Meus amigos ficam com uma pá de meninos e meninas tb. Se não fizer isso agora, vou fazer qdo? Qdo ficar velha?

GERAÇÃO TOTAL FLEX Fazer experiências com meninos e meninas faz parte do processo de formação da identidade
Assumir uma preferência sexual, na maioria dos casos, exige abrir mão de outra e, nesse processo, é comum os adolescentes testarem possibilidades. Essas experiências, é claro, não se dão apenas na fantasia mas também de forma bem concreta - com beijos, manipulação sexual mútua ou relações sexuais. E muitas vezes isso se manifesta ainda na forma de ciúme ou agressividade em relação aos amigos e amigas. "Tudo isso faz parte do desenvolvimento da sexualidade e deve ser encarado com normalidade. O que não podemos fazer é repassar preconceitos e tabus para os jovens, pois é sabido que isso prejudica seu desenvolvimento emocional", afirma o psicanalista Tiago Corbisier Matheus.
Ele faz um alerta, porém, para uma "moda" atual: meninos e meninas que gostam de beijar meninos e meninas nas escolas, nos shoppings, em festas etc. "Nesse caso, é importante perceber se o jovem está experimentando por necessidade própria ou se o faz apenas para satisfazer às expectativas do grupo", ressalta. Outra situação comum e que também merece cuidado é a de adolescentes que adotam a promiscuidade como uma forma de evitar o envolvimento emocional. "É o caso da jovem que beija vários meninos ou meninas, mas nunca se permite uma relação de intimidade com um deles. Se isso persiste, o desenvolvimento da sexualidade também pode ser prejudicado", afirma Matheus.

Estereótipos e expectativas na questão de gêneros

KARINA* Compro ou não?
Fui na farmácia pq queria comprar camisinha e demorei 10 minutos pra ter coragem de pegar. Sinto vergonha por ser menina, as pessoas me olharam mó eskisito. Parecia que eu era uma galinha. É mais fácil prum menino. Fico sem saber como agir.

QUESTÃO DE GÊNERO Os estereótipos sobre o que se espera de homens e mulheres confundem os jovens
Ilustrações: Daniella Domingues
Além do desafio de encarar as mudanças corporais e a avalanche de desejos e novas experiências, construir-se e posicionar-se sexualmente como homem e mulher é um desafio e tanto na adolescência. Principalmente porque a sexualidade não é constituída apenas de determinantes biológicos, mas por um complexo de marcas culturais, sociais e econômicas. O adolescente aprende com o meio o que é esperado dele na relação com o outro.

Como meninos e meninas estão formando a própria identidade, é essencial eles confrontarem as ideias que têm sobre o comportamento de homem e de mulher (o que inclui, em muitos casos, contestar até o modelo dos pais, geralmente considerado perfeito durante a infância). Freud escreveu que é essa nova significação de papéis, com a adoção de outros modelos de identificação fora da família, que consolida a sexualidade de cada um. Na vida real, isso pode provocar grande ansiedade, pois novas referências podem se chocar com os antigos e criar contradições difíceis. É a luta entre o que o adolescente quer ser (como homem e mulher), a autoridade que ele efetivamente dispõe para se tornar isso (já que ainda não é totalmente independente) e o que se espera que ele seja (na família ou na comunidade).

Daí a importância de a escola ensinar a questionar os estereótipos atribuídos ao comportamento sexual masculino e feminino. Por isso, de nada adianta apenas defender que é essencial usar camisinha - mas deixar que os alunos falem mal das meninas que andam com preservativos. Da mesma forma, não vale só mencionar a ejaculação precoce - e se esquecer de abordar a cobrança que pesa sobre os homens, que precisam "provar" sua virilidade. "Despejar informações sobre sexo seguro é pouco para conscientizar os jovens e garantir que terão uma vida sexual saudável. Pesquisas mostram que eles sabem que têm de usar camisinha, mas não a usam. Daí a necessidade de conversar, de fazê-los pensar", diz Mônica Maia, especialista em Educação Sexual.

Enfim, falar sobre sexualidade exige exercitar a tolerância, o acolhimento ao outro e o olhar para si mesmo. Como disse o educador Paulo Freire (1921-1997): "A sexualidade, enquanto possibilidade e caminho de alongamento de nós mesmos, de produção de vida e existência, de gozo e boniteza, exige busca de saber de nosso corpo. Não podemos viver autenticamente, no mundo e com o mundo, se nos fechamos medrosos e hipócritas aos mistérios de nosso corpo ou se os tratamos cínica e irresponsavelmente".

* Os destaques desta reportagem trazem depoimentos por um programa de troca de mensagens instantâneas pela internet de alunos do 9º ano da EMEF Victor Civita, em São Paulo. Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados.
Quer saber mais?
CONTATOS
BIBLIOGRAFIA
Adolescência - Clínica Psicanalítica
, Tiago Corbisier Matheus, 356 págs., Ed. Casa do Psicólogo, tel. (11) 3034-3600, 57 reais
Adolescência - Reflexões Psicanalíticas, David Léo Levisky, 320 págs., Ed. Casa do Psicólogo, 51 reais
A Atualidade da Psicanálise de Adolescentes, Roberto B. Graña e Angela B. S. Piva, 331 págs., Ed. Casa do Psicólogo, 83 reais
Conversando com o Adolescente sobre Sexo - Quem Vai Responder?, Gerso- Lopes e Mônica Maia, 128 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-2831322, 30 reais
Psicanálise e Sexualidade, organizado pela Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, 182 págs., Ed. Casa do Psicólogo, 33 reais